terça-feira, 27 de maio de 2025

Fora de cena




Fora de cena




Eu que nada fiz de assombroso,

Resta a mim arte insana, consolo —

O sono dos justos, louco,

Noite frugal, serôdia.




Qualquer hora esvazia-se a casa

Sem nenhum alerta, abre-se a fenda —

Porque nada se faz por acaso

no final tudo se encaixa.



Toda ilusão que o corpo reverbera

decerto a alma jamais encena —

não ficará pedra sobre pedra

não há de me assombrar a terra.

quinta-feira, 22 de maio de 2025

Desova







Desova

esse traje de festa
para o outro me veste 

essa palavra per-versa
o sentido não expresso

esse corpo, traje de dor,
caos, vazio, disforme

esse recém-nascido, o espírito,
lírico rebento em desova.

quarta-feira, 14 de maio de 2025

Mea culpa

Os olhos se movem em série
na mórbida paisagem -
coisas de que me arrependo
agora e sempre
já sem tempo de remendo.

Sempre que me revisito
sinto-me muito absurda:
ou porque me pergunto
quem eu era naquela hora ou
assumo mea culpa! mea culpa!

Nem se tudo fosse de novo,
sempre seria a primeira vez.
Melhor seguir adiante,
a tempo de me esquecer antes,
viver tudo como o último instante,
fazer de novo tudo o que não se fez.

Fora de cena

Fora de cena Eu que nada fiz de assombroso, Resta a mim arte insana, consolo — O sono dos justos, louco, Noite frugal, serôdia. Qualquer hor...